quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

DESTINAÇÃO:
















O primeiro passo quando pensamos na questão do lixo, o mais difícil de equacionar e o que vai demandar maior pesquisa, é a destinação. Afinal de que adianta separar se não conhecemos o processo como um todo? Para onde vai o nosso lixo depois que o lixeiro passa? Há alternativas? O que fazer com o lixo separado? As alternativas de destinação atuais são ambientalmente satisfatórias? Como poderia melhorar? O que eu posso fazer? Todas essas são perguntas altamente pertinentes que devem preceder qualquer iniciativa relativa a lixo. Este deve ser o fio condutor tanto de um trabalho escolar quanto de uma proposta de logística. Afinal, se queremos participar devemos conhecer a fundo o processo de nossa cidade. Essas perguntas nos instrumentalizam para a mudança com os pés no chão. Costumamos dizer que o romantismo é muito prejudicial para o meio ambiente pois alguns indivíduos, munidos da mais genuína boa vontade, eventualmente, ignoram o processo e acabam interferindo de maneira não durável ou afastada dos reais pressupostos, o que deixa uma imagem de insucesso que vai comprometer a próxima ação em meio ambiente. Todos vão achar que "isso não dá certo". Isso acontece com freqüência, não é mesmo?
Não existem respostas universais.
Não existe um sistema de coleta seletiva que possa ser considerado universal e aplicável a toda e qualquer situação. Cada caso é um caso, cada cidade tem a sua peculiaridade e as questões condicionantes devem ser minuciosamente estudadas antes de escolhermos este ou aquele desenho de logística de coleta seletiva.
Precisamos estar preparados para os 4 fatores: quantidade, qualidade, freqüência e forma de pagamento; leis de mercado que muitas vezes inviabilizam a continuidade do programa de coleta seletiva.
Relatamos aqui alguns casos para que um maior número de referências sirvam para nos instrumentalizar para a ação.
"Como implantar um projeto de coleta seletiva em minha escola, bairro ou cidade?"
Este interesse pela coleta seletiva e reciclagem é muito importante!
Porém existem dois outros itens igualmente importantes, nessa cadeia, que são a educação ambiental e a destinação. Sem que cada elo desta corrente seja previsto e planejado o sucesso da empreitada fica comprometido.

Mas, em primeiro lugar, temos que pensar na destinação, pois não vai adiantar nada acumular materiais recicláveis em nosso quintal antes de saber que destino dar a esse material. (esta prática inclusive permite o acúmulo de água parada e a transmissão da dengue).
O comércio de recicláveis tem características fortes que, eventualmente, dificultam a implantação de coleta seletiva. Este comércio tem 4 exigências determinantes:
Os quatro fatores:
Quantidade,
Qualidade,
Freqüência e
Forma de pagamento.
As indústrias recicladoras, principais compradores de matéria prima reciclável, só compram em grandes quantidades (mínimo 1 tonelada), material selecionado e enfardado; isso determina a qualidade. Compram dos atravessadores que compram das cooperativas e dos sucateiros. A indústria dá preferência a quem fornece sempre esse material: frequência. E a forma de pagamento costuma ser em 30 a 40 dias. As indústrias recicladoras são fábricas de vidro, de papel e papelão, de latas de alumínio e fábricas de sacos de lixo que reciclam alguns tipos de plástico,Indústrias têxteis usam o poliester vindo do PET.
Antes de começar a coletar precisamos mapear as possíveis destinações do material a ser coletado e definir critérios: vender para o sucateiro ou doar para a cooperativa? E quando o sucateiro não quiser mais comprar nossos materiais?
Se queremos montar um de galpão de beneficiamento (triagem e enfardamento para comercialização) precisamos nos programar para alcançarmos excelência nestes 4 fatores. O ideal é investir em um galpão de no mínimo 500m2 para acumular papel e papelão enfardado (que não pode tomar chuva como outros materiais), e uma prensa-enfardadora. Por questões financeiras, talvez não seja possível começar tão bem. Talvez seja oportuno fazer parcerias com a iniciativa privada e a administração pública. Afinal vários empregos estão sendo gerados e o meio ambientte está sendo beneficiado.
Outra coisa: quanto mais perto o destino do lixo reciclável, melhor, para evitar o aumento do custo do transporte do material. O custo do transporte é o grande vilão da coleta seletiva.
Faça contato com os catadores existentes. Talvez seja conveniente organizá-los em cooperativa ou associação. Os programas que existem em cidades brasileiras há mais de 5 anos são tocados pelas cooperativas, em sua totalidade. Esta prática tem originado um silencioso e belo movimento de inclusão social, já que os catadores são, eventualmente, pessoas que viviam na exclusão social, seja na adicção ou outras formas degradantes de marginalidade; e através do trabalho cooperativado tiram seus salários e recuperam seu lugar na sociedade.
Uma outra destinação importante na viabilização de pequenos projetos de implantação de coleta seletiva, tais como condomínios e escolas, são as instituições filantrópicas que já comercializam com algum atravessador o material reciclável que acumula. A doação será muito bem vinda e o objetivo principal que era evitar que este material fosse parar no aterro sanitário e fazer com que ele retorne para a linha de produção, economizando recursos naturais, será alcançado.
Se o seu objetivo é ter lucro isso é possível, desde que você tenha economia de escala lembrando sempre dos quatro fatores apresentados no início destas informações básicas.
Não é fácil, mas é muito importante. Não desistam!
Fiquem em contato para tirar dúvidas!

CLASSIFICANDO O LIXO

















CLASSIFICANDO O LIXO
A palavra lixo, derivada do termo latim lix, significa "cinza". No dicionário, ela é definida como sujeira, imundice, coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor. Lixo, na linguagem técnica, é sinônimo de resíduos sólidos e é representado por materiais descartados pelas atividades humanas. Desde os tempos mais remotos até meados do século XVIII, quando surgiram as primeiras indústrias na Europa, o lixo era produzido em pequena quantidade e constituído essencialmente de sobras de alimentos.
A partir da Revolução Industrial, as fábricas começaram a produzir objetos de consumo em larga escala e a introduzir novas embalagens no mercado, aumentando consideravelmente o volume e a diversidade de resíduos gerados nas áreas urbanas. O homem passou a viver então a era dos descartáveis em que a maior parte dos produtos — desde guardanapos de papel e latas de refrigerante, até computadores — são inutilizados e jogados fora com enorme rapidez.
Ao mesmo tempo, o crescimento acelerado das metrópoles fez com que as áreas disponíveis para colocar o lixo se tornassem escassas. A sujeira acumulada no ambiente aumentou a poluição do solo, das águas e piorou as condições de saúde das populações em todo o mundo, especialmente nas regiões menos desenvolvidas. Até hoje, no Brasil, a maior parte dos resíduos recolhidos nos centros urbanos é simplesmente jogada sem qualquer cuidado em depósitos existentes nas periferias das cidades.
A questão é: o que fazer com tanto lixo?
Felizmente, o homem tem a seu favor várias soluções para dispor de forma correta, sem acarretar prejuísos ao ambiente e à saúde pública. O ideal, no entanto, seria que todos nós evitássemos o acúmulo de detritos, diminuindo o desperdício de materiais e o consumo excessivo de embalagens.
Nos últimos anos, nota-se uma tendência mundial em reaproveitar cada vez mais os produtos jogados no lixo para fabricação de novos objetos, através dos processos de reciclagem, o que representa economia de matéria prima e de energia fornecidas pela natureza. Assim, o conceito de lixo tende a ser modificado, podendo ser entendido como "coisas que podem ser úteis e aproveitáveis pelo homem".
Do livro "Lixo - De onde vem? Para onde vai?" de Francisco Luiz Rodrigues e Vilma Maria Gravinatto - Ed. Moderna
Para determinar a melhor tecnologia para tratamento, aproveitamento ou destinação final do lixo é necessário conhecer a sua classificação.
Lixo urbano
Formado por resíduos sólidos em áreas urbana, inclua-se aos resíduos domésticos, os efluentes industriais domiciliares (pequenas industria de fundo de quintal) e resíduos comerciais.
Lixo domiciliar
Formado pelos resíduos sólidos de atividades residenciais, contém muita quantidade de matéria orgânica, plástico, lata, vidro.
Lixo comercial
Formado pelos resíduos sólidos das áreas comerciais Composto por matéria orgânica, papéis, plástico de vários grupos.
Lixo público
Formado por resíduos sólidos produto de limpeza pública (areia, papéis, folhagem, poda de árvores).
Lixo especial
Formado por resíduos geralmente industriais, merece tratamento, manipulação e transporte especial, são eles, pilhas, baterias, embalagens de agrotóxicos, embalagens de combustíveis, de remédios ou venenos.
Lixo industrial
Nem todos os resíduos produzidos por industria, podem ser designados como lixo industrial. Algumas industrias do meio urbano produzem resíduos semelhantes ao doméstico, exemplo disto são as padarias; os demais poderão ser enquadrados em lixo especial e ter o mesmo destino.
Lixo de serviço de saúde (RSSS)
Os serviços hospitalares, ambulatorias, farmácias, são geradores dos mais variados tipos de resíduos sépticos, resultados de curativos, aplicação de medicamentos que em contato com o meio ambiente ou misturado ao lixo doméstico poderão ser patógenos ou vetores de doenças, devem ser destinados a incineração.
Lixo atômico
Produto resultante da queima do combustível nuclear, composto de urânio enrriquecido com isótopo atômico 235. A elevada radioatividade constitui um grave perigo à saúde da população , por isso deve ser enterrado em local próprio, inacessível.
Lixo espacial
Restos provenientes dos objetos lançados pelo homem no espaço, que circulam ao redor da Terra com a velocidade de cerca de 28 mil quilômetros por hora. São estágios completos de foguetes, satélites desativados, tanques de combustível e fragmentos de aparelhos que explodiram normalmente por acidente ou foram destruídos pela ação das armas anti-satélites.
Lixo radioativo
Resíduo tóxico e venenoso formado por substâncias radioativas resultantes do funcionamento de reatores nucleares. Como não há um lugar seguro para armazenar esse lixo radioativo, a alternativa recomendada pelos cientistas foi colocá-lo em tambores ou recipientes de concreto impermeáveis e a prova de radiação, e enterrados em terrenos estáveis, no subsolo.
Fontes: Ecologia de A a Z - Pequeno dicionário de Ecologia - Ed LP&M de Delza de Freitas Menin
Colaborou: Sandra M. M. Barbosa
Universidade Católica de Pelotas
Escola de Educação - Curso de Bacharelado em Ecologia
Gerenciamento ambiental de resíduos sólidos em área rural.
Pelotas Junho/2000

Plástico biodegradável é produzido a partir do amido de mandioca














Plástico biodegradável é produzido a partir do amido de mandioca

Júlio Bernardes, da Agência USP de Notícias

Uma pesquisa do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP produziu plástico biodegradável a partir do amido de mandioca, obtendo os chamados amidos termoplásticos (TPS). O estudo, realizado pela química Eliangela Teixeira, também mostrou a viabilidade do uso de resíduos da industrialização do amido para produzir termoplástico reforçado com fibras celulósicas. Os plásticos com amido poderão ser aplicados principalmente na indústria de embalagens.

“As fibras fazem parte naturalmente da constituição dos resíduos, compostos por cerca de 82,5% de amido residual e 17,5% de fibras celulósicas”, aponta a pesquisadora. “Desta forma, pode-se ter um aproveitamento tanto do amido para a formação da fase matriz (termoplástica) e ainda, das fibras celulósicas que são capazes de promover reforço mecânico aos TPS.”

Os amidos termoplásticos podem ser obtidos via estado fundido (temperaturas de 120oC a 160oC) na presença de plasticizante e cisalhamento. “Essa metodologia é bastante utilizada no processamento de plásticos de origem petroquímica”, explica Eliangela. “Os grânulos de amido são rompidos, há perda da cristalinidade granular e uma fase contínua é então obtida, com o material podendo ser moldado à quente”.

De acordo com a química, os amidos termoplásticos apresentam um grande potencial de aplicações, especialmente no setor de embalagens. “Como essa área emprega um grande volume de plásticos de origem petroquímica, os TPS podem contribuir para melhorar o gerenciamento do lixo e reduzir o impacto ambiental dos plásticos não-biodegradáveis.” O material também pode ser adotado na confecção de tubetes de plantio para o setor agrícola.

Nanofibras

Os resultados dos testes com o amido estão na tese de doutorado de Eliangela, que foi orientada pelo professor Antonio Aprígio da Silva Curvelo, do IQSC. Outra linha de pesquisa do estudo foi direcionada à obtenção de nanofibras de celulose a partir das microfibras contidas no resíduo, para aumentar a resistência dos amidos termoplásticos.

“As nanofibras, por apresentarem dimensões extremamente pequenas, também podem gerar efeitos significativos de reforço mecânico ao TPS”, conta Eliangela. “Entretanto, este efeito é fortemente dependente do plasticizante que é empregado para a obtenção do TPS”.

A pesquisadora testou também o uso direto da raiz de mandioca para a obtenção de termoplásticos. “Foi possível a obtenção de um filme plástico diretamente da mandioca”, destaca. “Entretanto a particularidade deste tipo de material, é que os açúcares naturalmente presentes na raiz (principalmente glicose e sacarose) também atuaram como plasticizante para o amido”.

Segundo a química, os açúcares da raiz devem ser computados na formulação, pois influenciaram consideravelmente no desempenho mecânico do TPS final. “Ao final do processo de produção, foram obtidos materiais de maior flexibilidade e no entanto, de menor resistência à ação mecânica”, ressalta.

Mais informações: (0XX16) 3373-9938, com Antonio Aprígio da Silva Curvelo (Agência USP de Notícias)

Você sabe o que é preciclar?













É muito simples!
É pensar antes de comprar.
40% do que nós compramos é lixo.
São embalagens que, quase sempre, não nos servem para nada, que vão direto para o lixo aumentar os nossos restos imortais no planeta.
Poderia ser diferente?
Tudo sempre pode ser melhor.
Pense no resíduo da sua compra antes de comprar. Às vezes um produto um pouco mais caro tem uma embalagem aproveitável para outros fins.
Estes são os 3 R's:
Reduzir, Reutilizar e Reciclar
Reduzir o desperdício,
Reutilizar sempre que for possível antes de jogar fora, e
Reciclar, ou melhor: separar para a reciclagem, pois, na verdade, o indivíduo não recicla (a não ser os artesãos de papel reciclado).
O termo reciclagem, tecnicamente falando, não corresponde ao uso que fazemos dessa palavra pois reciclar é transformar algo usado, em algo igual, só que novo.
Por exemplo, uma lata de alumínio, pós-consumo, é transformada, através de processo industrial, em uma lata nova.
Quando transformamos uma coisa em outra coisa, isso é reutilização.
O que nós, como indivíduos, podemos fazer, é praticar os dois primeiros R's: reduzir e reutilizar.
Quanto à reciclagem, o que nós devemos fazer é separar o lixo que produzimos e pesquisar as alternativas de destinação, ecologicamente corretas, mais próximas.
Pode ser uma cooperativa de catadores ou até uma instituição filantrópica que receba material reciclável para acumular e comercializar.
O importante é pensarmos sobre os 3 R's procurando evitar o desperdício, reutilizar sempre que possível e, antes de mais nada,
preciclar!
Ou seja: Pensar antes de comprar.
Pensar no resíduo que será gerado.
Evite embalagens plásticas: elas poderão ser transformadas em produtos plásticos reciclados. O vidro é totalmente reciclável e muito mais útil em termos de reutilização da embalagem.
Preciclar é pensar que a história das coisas não acaba quando as jogamos no lixo. Tampouco acaba a nossa responsabilidade!
Pólita Gonçalves

Rotulagem ambiental

Por Patricia Blauth*
extraído de Debates Sócio-Ambientais Ano II nº 5 out 96/jan 97
Com a valorização da reciclagem de resíduos no Brasil, algumas indústrias passaram a inserir em seus produtos símbolos que inferem à reciclabilidade de materiais. As associações setoriais de vidro, plástico, papel/papelão, alumínio e aço desenvolveram símbolos padronizados para cada material, em parceria com o CEMPRE ¬ Compromisso Empresarial para Reciclagem, entidade voltada para o incentivo da reciclagem no país. O intuito deste código seria o de facilitar a identificação e separação dos materiais para reciclagem, ajudando "a criar uma consciência ecológica nas pessoas, ao passarem a conviver com esses símbolos padronizados". Os símbolos se tornaram cada vez mais presentes em embalagens, apontadas como um problema nos programas de gestão de resíduos sólidos, por representarem, em média, 33% do peso total do lixo nas cidades. Preocupado em conscientizar o setor produtivo sobre sua responsabilidade na questão da reciclagem, o CEMPRE afirmou que os símbolos não seriam "armas de venda" ou promocionais, e que estes "não garantem que o referido produto seja ecológico ou mais reciclável que o do concorrente".
Isso não é, porém, o que vem ocorrendo. Valendo-se da inexistência de programas de orientação ao consumidor e da falta de informações detalhadas, como a origem do material "rotulado" e o custo ambiental de sua produção, as indústrias se adiantaram na apresentação destes símbolos, usando-os com caráter essencialmente mercadológico, contribuindo para uma "consciência" ecológica baseada:
1. na suposição da reciclagem garantida...
Os símbolos apenas indicam que os materiais são potencialmente recicláveis. O sistema de codificação adotado para os plásticos no Canadá alerta para o fato de que a presença do símbolo "não é uma garantia enunciada ou implícita de que qualquer recipiente é próprio para ser transformado em outro produto". Ainda que seja tecnicamente reciclável, nenhum material deve ser considerado realmente reciclável se não houver mercado para ele. Alguns países têm tentado dar maior credibilidade à rotulagem ambiental. Na Holanda, por exemplo, os símbolos só podem ser usados se existirem formas adequadas de coleta e destinação disponíveis para o público a quem estes símbolos se dirigem. O problema é que, no Brasil, ninguém pode estar seguro de que as embalagens serão recicladas independentemente, nem ao menos, da mudança nos hábitos de descarte da população. O que fazer, por exemplo, com a caixa de um hambúrguer, contendo o símbolo de "reciclável", numa lanchonete que não dispõe de lixeiras especiais para um descarte diferenciado ou numa cidade em que não há coleta seletiva de lixo, nem sucateiros, nem indústrias de reciclagem próximas? A reciclagem de qualquer material é um processo industrial que exige infra-estrutura específica e depende de uma série de fatores, especialmente de ordem econômica. De que adianta uma escola fazer campanha para arrecadar embalagens recicláveis se não há quem queira esses materiais? Muitas vezes, sucateiros recusam até doações de recicláveis, pelo fato de a retirada destes materiais não compensar o custo do frete. Não existe um compromisso, por força de legislação específica, de as indústrias brasileiras coletarem ou apoiarem iniciativas de coleta e processarem os materiais que produzem. Pelo contrário, nossas indústrias não tem demonstrado interesse em se responsabilizar pelos danos ambientais causados por seus produtos.
2. na noção da reciclagem infinita...
Os símbolos geralmente sugerem um ciclo fechado perfeito, como se a possibilidade de transformação de uma caixa de papelão em outra, por exemplo, após seu descarte, fosse ilimitada. O ciclo fechado é especialmente inadequado no caso dos plásticos. Uma garrafa descartável de refrigerante ou de água não será reciclada e transformada numa nova garrafa, mas sim em outros produtos, com características diferentes, como o enchimento para sacos de dormir, jaquetas de ski, solados, etc. (E como a oferta de garrafas descartadas é maior do que a demanda por sacos de dormir, jaquetas e solados, que são produtos mais duráveis, haverá sempre garrafas sobrando que acabam no lixo). A produção de novas garrafas descartáveis continua dependendo da exploração de matéria-prima virgem. Nesta situação, portanto, o símbolo estaria iludindo o consumidor, a ponto de alguns grupos ambientalistas americanos exigirem sua retirada das embalagens plásticas.
3. no mito da embalagem ecológica...
As embalagens descartáveis são apresentadas como modernas e práticas, como uma tendência do mercado, inclusive internacional. As gincanas "educativas " de arrecadação de latas de alumínio em escolas ¬ o Projeto Escola da Latasa ¬ tem recuperado muito material para reciclagem, porém tem servido para aumentar substancialmente a venda de lata no país. O Programa PróÐLata, por sua vez, que divulga "o potencial de reciclabilidade do aço e um selo de garantia de reciclagem" é mais honesto: admite ser um programa de Estímulo ao Consumo da Embalagem no Brasil, cujo habitante consome apenas 5 kg de aço/ano (contra os 18 kg registrados nos Estados Unidos). O consumidor, portanto, (des)orientado pela propaganda e induzido pelos símbolos, passa a comprar embalagens descartáveis achando que está, necessariamente, contribuindo para preservar o ambiente. Se podemos chamar alguma embalagem de "ecológica" é a garrafa retornável ¬ nosso "vasilhame", "casco" ou garrafa com depósito ¬ que pode ser usada várias vezes, circulando entre o consumidor e a empresa de engarrafamento, em oposição à descartável, one-way. As garrafas retornáveis dominavam o mercado internacional de bebidas até 1975. Embora em 1981 esta situação tenha se invertido nos Estados Unidos, onde a maioria das bebidas carbonatadas é vendida em garrafas one- way ou em latas, na Europa elas estão voltando a ganhar fatias maiores dos mercados de vinho, leite e outras bebidas. A Dinamarca, por exemplo, proibiu em 1977 as embalagens descartáveis para bebidas não alcoólicas e, em 1981, para cerveja. Em Portugal, o Decreto-lei 322/95, que estabelece as normas para a gestão de embalagens e resíduos de embalagens, prioriza a prevenção de sua produção e o retorno de embalagens usadas. Portanto, a embalagem descartável para bebidas não é uma tendência do mercado internacional. Ora, considerando que reciclar qualquer material também consome água, energia e polui o ambiente, não é mais "ecológico" evitar a geração de lixo do que reciclá-lo?
Diretrizes internacionais voltadas para a questão do lixo têm orientado para a minimização de resíduos, através de uma seqüência de procedimentos didaticamente apresentada como os 3 Rs: redução(na fonte geradora), reutilização direta dos produtos, e reciclagem de materiais. A ordem dos Rs segue o princípio de que causa menor impacto evitar a geração do lixo do que reciclar os materiais após seu descarte. No Brasil, a discussão em torno da minimização de resíduos tomou impulso com a Agenda 21, documento que representa o acordo entre as nações no sentido de melhorar a qualidade de vida no planeta, elaborada durante a Conferência Rio-92. No capítulo sobre Manejo Ambientalmente Saudável dos Resíduos Sólidos, a Agenda afirma que a melhor maneira de combater o problema do lixo é modificar os modelos de consumo, e aponta: "a adoção de regulaçães nacionais e internacionais que objetivam implementar tecnologias limpas de produção, resgatar os resíduos na sua origem e eliminar as embalagens que não sejam biodegradáveis, reutilizáveis ou recicláveis, é um passo essencial para a criação de novas atitudes sociais e para prevenir os impactos negativos do consumismo ilimitado".
Com base na Agenda 21, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de Sço Paulo está elaborando seu Programa Estadual de Resíduos Sólidos que, novamente, indica a necessidade de "diminuir a geração de toda espécie de resíduos".
Devido à série de implicações político-econômicas e culturais que a mudança no padrão de consumo impõe no atual modelo urbano-industrial, poucas iniciativas de redução ¦ evitar a geração de lixo ¦ tem sido efetivamente postas em prática. E é por isso que o equacionamento da problemática dos resíduos tem se centrado no último R ¦ a reciclagem. Se a reciclagem de materiais, por um lado, polui menos o ambiente e envolve menor uso de matérias-primas virgens, água, e energia, por outro, ela é perfeitamente compatíível e beneficiária dos atuais níveis de desperdício que provocamos.
Os símbolos sobre reciclabilidade talves pudessem funcionar quando se implementasse a ISO 14000, uma série de normas de gestão ambiental que vêm sendo discutidas desde 1993, algumas das quais sobre rotulagem ambiental. O primeiro evento internacional no Brasil sobre o tema, a ser realizado em março, prevê a discussão em torno de como uma empresa comprovará que seu produto é reciclável, reciclado etc. Ainda que a série ISO 14000 seja aprovada, com base em critérios internacionalmente aceitos, ela será "regulamentada" e fiscalizada pelo mercado, não funcionando como legislação específica nos diversos países.
Uma iniciativa brasileira que poderá contribuir para dar credibilidade à rotulagem ambiental é o Programa Consumidor e Meio Ambiente, desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Dentre seus objetivos, estão o de 1) diagnosticar o perfil de consumo da sociedade, 2) pesquisar os fatores indutores do consumo desenfreado, 3) tornar a certificação ambiental um instrumento válido de orientação ao consumidor, implementando a ISO 14000, e 4) reduzir a produção de resíduos. O programa, enfim, resgataria o princípio dos 3 Rs, alertando a população sobre as limitaçães da reciclagem e seus símbolos.
Mas enquanto a ISO 14000 e o Programa Consumidor e Meio Ambiente, dentre outros, não forem implementados, devemos tomar cuidado, pois, desvinculados de um trabalho de orientação ao consumidor e de educação ambiental, aliado à inexistência de um sistema efetivo de recuperação de materiais no Brasil, os símbolos da reciclagem inseridos nas embalagens, supostamente com o intuito de facilitar a identificação e separação de materiais para descarte e coleta seletivos e, em última análise, diminuir o volume de lixo destinado a aterros e lixões tem causado o efeito oposto. Para mero "alívio de consciência" do consumidor, e como apelo mercadológico para o produtor, os símbolos vêm incentivando a descartabilidade, legitimando o desperdício e aumentando a quantidade de lixo gerado nas cidades.
* Patricia Blauth
Bióloga, educadora e consultora na área de minimização de resíduos (menoslixo@bol.com.br)

A coleta seletiva de resíduos


















A coleta seletiva de resíduos, ou seja, a separação dos resíduos na fonte
geradora, que possibilita o aproveitamento econômico de vários materiais como o
alumínio, o plástico, o vidro, o papel, entre outros, é hoje praticada em 135 municípios
brasileiros. Trata-se de progresso relevante pois, ao promover a coleta seletiva, o
poder público promove a educação ambiental da população, economiza espaço físico
na disposição final dos resíduos e contribui para melhorar a qualidade dos materiais
recicláveis.

Vários materiais que estão sendo reciclados atualmente, tiveram maior
aproveitamento comercial a partir da consciência e participação da população e do poder
público. A partir de 1991, quando foi criado o Programa Brasileiro de Reciclagem de
Alumínio, o Brasil passou ao segundo lugar na escala mundial dos recicladores de latas
de alumínio, com um percentual de 70%, atrás apenas do Japão (74%) e à frente dos
Estados Unidos. A taxa de recuperação de papéis recicláveis vem crescendo nos últimos
anos, provavelmente graças à participação dos catadores e da ação das prefeituras
municipais ao promoverem a coleta seletiva dos resíduos.

Outros materiais, principalmente aqueles derivados da indústria química, como a
borracha e, particularmente os pneus usados, têm sido acumulados no ambiente. No
Brasil, os pneus usados e descartados desordenadamente somente há pouco tempo
foram percebidos como resíduos indesejáveis, devido ao acúmulo no ambiente e aos
problemas decorrentes, como a proliferação do mosquito da dengue.