quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
DESTINAÇÃO:
O primeiro passo quando pensamos na questão do lixo, o mais difícil de equacionar e o que vai demandar maior pesquisa, é a destinação. Afinal de que adianta separar se não conhecemos o processo como um todo? Para onde vai o nosso lixo depois que o lixeiro passa? Há alternativas? O que fazer com o lixo separado? As alternativas de destinação atuais são ambientalmente satisfatórias? Como poderia melhorar? O que eu posso fazer? Todas essas são perguntas altamente pertinentes que devem preceder qualquer iniciativa relativa a lixo. Este deve ser o fio condutor tanto de um trabalho escolar quanto de uma proposta de logística. Afinal, se queremos participar devemos conhecer a fundo o processo de nossa cidade. Essas perguntas nos instrumentalizam para a mudança com os pés no chão. Costumamos dizer que o romantismo é muito prejudicial para o meio ambiente pois alguns indivíduos, munidos da mais genuína boa vontade, eventualmente, ignoram o processo e acabam interferindo de maneira não durável ou afastada dos reais pressupostos, o que deixa uma imagem de insucesso que vai comprometer a próxima ação em meio ambiente. Todos vão achar que "isso não dá certo". Isso acontece com freqüência, não é mesmo?
Não existem respostas universais.
Não existe um sistema de coleta seletiva que possa ser considerado universal e aplicável a toda e qualquer situação. Cada caso é um caso, cada cidade tem a sua peculiaridade e as questões condicionantes devem ser minuciosamente estudadas antes de escolhermos este ou aquele desenho de logística de coleta seletiva.
Precisamos estar preparados para os 4 fatores: quantidade, qualidade, freqüência e forma de pagamento; leis de mercado que muitas vezes inviabilizam a continuidade do programa de coleta seletiva.
Relatamos aqui alguns casos para que um maior número de referências sirvam para nos instrumentalizar para a ação.
"Como implantar um projeto de coleta seletiva em minha escola, bairro ou cidade?"
Este interesse pela coleta seletiva e reciclagem é muito importante!
Porém existem dois outros itens igualmente importantes, nessa cadeia, que são a educação ambiental e a destinação. Sem que cada elo desta corrente seja previsto e planejado o sucesso da empreitada fica comprometido.
Mas, em primeiro lugar, temos que pensar na destinação, pois não vai adiantar nada acumular materiais recicláveis em nosso quintal antes de saber que destino dar a esse material. (esta prática inclusive permite o acúmulo de água parada e a transmissão da dengue).
O comércio de recicláveis tem características fortes que, eventualmente, dificultam a implantação de coleta seletiva. Este comércio tem 4 exigências determinantes:
Os quatro fatores:
Quantidade,
Qualidade,
Freqüência e
Forma de pagamento.
As indústrias recicladoras, principais compradores de matéria prima reciclável, só compram em grandes quantidades (mínimo 1 tonelada), material selecionado e enfardado; isso determina a qualidade. Compram dos atravessadores que compram das cooperativas e dos sucateiros. A indústria dá preferência a quem fornece sempre esse material: frequência. E a forma de pagamento costuma ser em 30 a 40 dias. As indústrias recicladoras são fábricas de vidro, de papel e papelão, de latas de alumínio e fábricas de sacos de lixo que reciclam alguns tipos de plástico,Indústrias têxteis usam o poliester vindo do PET.
Antes de começar a coletar precisamos mapear as possíveis destinações do material a ser coletado e definir critérios: vender para o sucateiro ou doar para a cooperativa? E quando o sucateiro não quiser mais comprar nossos materiais?
Se queremos montar um de galpão de beneficiamento (triagem e enfardamento para comercialização) precisamos nos programar para alcançarmos excelência nestes 4 fatores. O ideal é investir em um galpão de no mínimo 500m2 para acumular papel e papelão enfardado (que não pode tomar chuva como outros materiais), e uma prensa-enfardadora. Por questões financeiras, talvez não seja possível começar tão bem. Talvez seja oportuno fazer parcerias com a iniciativa privada e a administração pública. Afinal vários empregos estão sendo gerados e o meio ambientte está sendo beneficiado.
Outra coisa: quanto mais perto o destino do lixo reciclável, melhor, para evitar o aumento do custo do transporte do material. O custo do transporte é o grande vilão da coleta seletiva.
Faça contato com os catadores existentes. Talvez seja conveniente organizá-los em cooperativa ou associação. Os programas que existem em cidades brasileiras há mais de 5 anos são tocados pelas cooperativas, em sua totalidade. Esta prática tem originado um silencioso e belo movimento de inclusão social, já que os catadores são, eventualmente, pessoas que viviam na exclusão social, seja na adicção ou outras formas degradantes de marginalidade; e através do trabalho cooperativado tiram seus salários e recuperam seu lugar na sociedade.
Uma outra destinação importante na viabilização de pequenos projetos de implantação de coleta seletiva, tais como condomínios e escolas, são as instituições filantrópicas que já comercializam com algum atravessador o material reciclável que acumula. A doação será muito bem vinda e o objetivo principal que era evitar que este material fosse parar no aterro sanitário e fazer com que ele retorne para a linha de produção, economizando recursos naturais, será alcançado.
Se o seu objetivo é ter lucro isso é possível, desde que você tenha economia de escala lembrando sempre dos quatro fatores apresentados no início destas informações básicas.
Não é fácil, mas é muito importante. Não desistam!
Fiquem em contato para tirar dúvidas!
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