quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Em SP, parque é construído com entulho reciclado.11/01/08


Um projeto totalmente pioneiro promete trazer para a cidade de São Paulo (SP) um novo modelo de construção.


Trata-se do Parque do Povo " localizado em uma das áreas mais nobres da capital paulista, no Itaim Bibi -, que está sendo criado com materiais de imóveis demolidos.

Com um terreno de 111 mil m², o local, que foi ocupado irregularmente por mais de 20 anos, receberá resíduos de 80 imóveis dos antigos moradores do espaço, de demolições da região da Nova Luz, no Centro da cidade, e de um empreendimento imobiliário desenvolvido pela construtora Wtorre, próximo à área.

"O entulho que seria jogado num aterro e que certamente geraria problemas ambientais passa a ganhar um novo destino. Também há uma redução de custos com a obra do parque de cerca de 20%, uma vez que não é preciso comprar materiais novos", explica o arquiteto da Secretaria da Subprefeitura e responsável pelo projeto André Graziano.

Para a reciclagem e o reaproveitamento do entulho a Prefeitura de São Paulo firmou uma parceria com a construtora, que será responsável pela execução dos projetos arquitetônico e paisagístico do parque e a manutenção do local pelos próximos três anos.

A companhia alugou uma máquina que transforma ferros e tijolos em areia e pedregulho. Da mistura dos dois materiais com o cimento, surgem os pisos e as nove mil placas que serão usadas como calçada ao redor do parque. O entulho reciclado também servirá de base para a construção da ciclovia e da pista de caminhada.

A massa que une as placas é feita com material reciclado e altamente permeável para absorver rapidamente a água das chuvas. "Por ser feita com o material reciclado toda a calçada é porosa, capaz de absorver a água da chuva. Isso evita que a água vá para as ruas, diminuindo o risco de enchentes. A água fica armazenada no próprio parque, fazendo com que as plantas sejam regadas naturalmente", afirma Graziano.

De acordo com Graziano, o método inovador da construção será incorporado à proposta do espaço, de ser um local completamente acessível e voltado à educação. "O mote do parque é que ele tem que ser educativo e por isso a questão ambiental foi levada muito a sério. Queremos mostrar que existem coisas que podem ser feitas sob o ponto de vista educativo e que também podem reduzir os gastos numa obra", afirma.

O projeto do parque prevê, além da pista de caminhada e da ciclovia, a construção de três quadras poliesportivas com marcação para atividades para-olímpicas, campo de futebol, jardim acessível a deficientes visuais e sete trilhas auto-explicativas, que serão compostas por coleções de plantas e famílias botânicas específicas. Entre elas estão uma trilha de Madeiras de Lei, Árvores Ornamentais, Plantas de Sombra, Árvores Frutíferas, Flores, Plantas Trepadeiras e Plantas Medicinais e Aromáticas. Todas as espécies serão identificadas por placas, com o nome científico e popular de cada planta, sua origem e algumas curiosidades, inclusive em Braille.

A proposta é que o rico material vegetal da área possa ser utilizado por escolas para aulas de biologia e meio ambiente, propiciando o contato direto dos alunos com a natureza. "Quando estiver pronto, o parque será um modelo de adoção e sustentabilidade, além de totalmente educacional e acessível", disse o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo.

Segundo Graziano, o Parque do Povo é um projeto-piloto, que deverá ter seu ganho ambiental e econômico bem avaliado. "Se os resultados forem bons, a idéia é ampliar para toda a cidade a reciclagem de entulho e fazer esse tipo de trabalho em grande escala e em caráter permanente".

(Ecopress com informações do site Aprendiz - 11/01/08, às 11h15